Por um parlamento mais negro

Frente Negra • 14 de dezembro de 2020

Por um parlamento mais negro

Airton Araújo*

A vitória nas urnas de cinco candidaturas negras na eleição para vereadores à Câmara Municipal de Porto Alegre, na recente eleição, vem carregada de simbolismos que merecem atenção e nos levam a uma reflexão sobre qual a política que queremos daqui pra frente. Em primeiro lugar os (as) candidatos (as) Karen e Matheus (PSOL), Daiana e Bruna (PC do B) e Laura (PT), entram para a história do parlamento deste município como os pioneiros numa eventual formação de uma bancada de parlamentares negros. Antes disso, fomos representados apenas em duplas nas últimas duas legislaturas. A magnitude do fato está na representatividade, pois isto torna a democracia forte e plena e a sociedade mais harmônica. 
Torna-se imperioso destacar o campo ideológico dos eleitos: todos de esquerda. Num passado distante tivemos somente Sônia Saraí do PT, vinda do campo progressista. Antes dela, Teresa Franco, do PTB, representando o centro e, recentemente, delegado Claiton e Tarciso Flecha Negra, oriundos da centro-esquerda do partido de Brizola, sendo que o segundo saltou para a direita antes de sua morte. Em 2019 e 2020, Karen, representou a negritude esquerdista naquela casa.

A presença de vereadores negros e de esquerda enriquecerá as discussões naquela instituição sobre políticas públicas de combate ao racismo e todas as formas de discriminação, isto porque ninguém melhor do que os negros para tratarem sobre uma doença que lhe acomete por séculos: o racismo. Soma-se também a isto a responsabilidade da esquerda brasileira em se juntar a este segmento social para propor alternativa de sociedade mais justa e igual. Afinal, foi sempre à esquerda, a mais sensível à causa racial e a este debate no seu interior. Ou seja, os partidos de direita, historicamente, nunca tiveram este compromisso. Portanto, os negros e a esquerda devem sempre caminhar juntos.

Chama também a atenção, o fato de o grupo ser formado por quatro mulheres desafiando, portanto, o ambiente branco e machista que encontrarão. “Quando uma mulher negra se movimenta, toda a sociedade se movimenta”, de acordo com Angela Davis, logo, estas mulheres levarão o equilíbrio, sabedoria e conhecimento de causa. É o começo de glórias de um feminismo que em determinado momento de luta por espaços foi esquecido até pelo outro feminismo. É a redenção de quem mais sofreu e ainda hoje é a primeira na base da pirâmide de hierarquia de gêneros onde o homem branco está no topo.

Um ensinamento que fica é a necessidade urgente dos próprios partidos de esquerda olhar para dentro de si. Pode ser que o financiamento proporcional de verba e de tempo de televisão às candidaturas negras, determinado pelo TSE, já para estas eleições, tenha colaborado para a ascensão destes jovens parlamentares. No entanto, é importante ressaltar que negras e negros, já faz algum tempo, vêm com desempenhos eleitorais, em alguns casos, iguais ou melhores que outros candidatos brancos das suas respectivas agremiações, porém, estes, sendo apoiados tacitamente por suas legendas em termos financeiros e de televisão.

Por fim, a leitura a ser feita é que as transformações e os remédios para a cura da crise de ideologia da esquerda brasileira quiçá pode estar dentro das próprias instituições ao propor melhor distribuição de poder, garantias da diversidade e renovação de suas lideranças tendo os negros e outros grupos invisíveis na sociedade como protagonistas. Chega de roupas usadas e surradas.         

*Doutor em Ciência Política – Diretor de Formação Política da Frente Negra Gaúcha

Foto: Freepik
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