Vanessa Mulet: voz, estratégia e resistência na condução da Frente Negra Gaúcha

Paula Martins • 1 de outubro de 2025

Vanessa Mulet: voz, estratégia e resistência na condução da Frente Negra Gaúcha

Primeira mulher a presidir a FNG, pedagoga une escuta ativa, articulação política e valorização dos saberes negros para fortalecer a luta antirracista no Rio Grande do Sul.


Em sua terceira gestão, a Frente Negra Gaúcha (FNG) é liderada por uma mulher pela primeira vez. Vanessa Mulet iniciou sua trajetória na organização quando ela ainda era um coletivo, integrou a primeira diretoria de formação política e, na segunda gestão, assumiu a vice-presidência. Carrega em sua trajetória a força das mulheres negras que sempre estiveram à frente das lutas por liberdade — mesmo quando afastadas dos espaços de decisão.


Filha de João de Deus Prestes Mulet e Berenice Freitas da Silva, pedagoga, especialista em direitos humanos e atuante no terceiro setor há mais de uma década, Vanessa combina experiência técnica com sensibilidade política para conduzir uma organização que se consolida como referência na construção de estratégias de resistência, formação política, articulação institucional e valorização cultural.


Nesta entrevista, ela compartilha sua visão sobre juventude, comunicação, representatividade e os caminhos para uma Frente Negra cada vez mais presente nos territórios.


Qual o significado de ser a primeira mulher na presidência da FNG?
  Assumir a presidência é uma conquista coletiva. As mulheres negras sempre estiveram na linha de frente das lutas por liberdade, mas historicamente foram afastadas dos espaços de decisão. Hoje, ocupar esse lugar é um gesto simbólico e uma estratégia concreta de transformação. Carrego com firmeza esse papel de abrir caminhos e tensionar estruturas para garantir que outras mulheres também estejam onde as decisões são tomadas. Nossa gestão tem como compromisso central a escuta ativa, a autonomia e a valorização dos saberes das mulheres negras.


Como você avalia a gestão anterior e quais são os desafios atuais?
A gestão anterior foi crucial para estruturar a FNG como organização formal. Enfrentamos com coragem o período da pandemia da Covid-19 e conseguimos avanços importantes: regularização jurídica, aprovação do estatuto, eleição de diretoria e presença institucional consolidada. Hoje, o principal desafio é garantir a sustentabilidade financeira e política da organização, mantendo o vínculo com os territórios negros e com uma escuta atenta às bases.


Quais foram as principais ações desenvolvidas? Promovemos rodas de diálogo, seminários e eventos sobre temas como violência policial, racismo no futebol, violência contra a mulher, sustentabilidade, cultura afro-brasileira e empreendedorismo. Criamos o selo FNG, e com ele apoiamos lançamentos culturais como o livro Almanaque de Flores, Beijos e Mentiras, de José Alberto Silva. Nosso objetivo é seguir fortalecendo projetos sociais e coletivos de base.


Como a FNG atua para ampliar a representatividade negra na política? Estamos empenhadas em fortalecer bancadas negras municipais e estaduais, com foco na formação política, visibilidade e apoio a lideranças negras diversas. Atuamos pela eleição de pessoas negras em órgãos legislativos, executivos e conselhos tutelares. Nosso compromisso é suprapartidário e visa romper com o racismo institucional e político de gênero.


Como a FNG lida com a violência contra lideranças negras e com o diálogo intergeracional? Seguimos firmes na defesa das lideranças negras e das religiões de matriz africana, denunciando e enfrentando violências. Atuamos de forma articulada com outros movimentos e reafirmamos o compromisso com a vida, a liberdade religiosa e os direitos humanos. Também promovemos o diálogo entre organizações históricas e coletivos jovens, pois acreditamos que esse encontro de gerações é uma potência transformadora.

A juventude é fundamental para levar adiante nossas pautas. Queremos que se sintam representados, que participem, questionem e liderem. É com respeito à ancestralidade que inovamos e seguimos em frente.


Quais eventos estão planejados para o segundo semestre de 2025?
  Temos uma agenda intensa. Em julho realizamos a  5ª edição do Julho das Pretas, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, e também a 5ª turma do Curso de Inglês Básico, com o apoio de voluntários. Em seguida, iniciamos a 1ª edição do projeto Potências Negras. Teremos o Festival Zumbi Solidário, no dia 20 de novembro, e nosso jantar anual no dia 6 de dezembro — um evento de celebração e articulação.

Essas iniciativas se somam à nossa trajetória, que inclui formações sobre política, violência de gênero, violência policial, seminários sobre racismo no futebol e eventos sobre a cultura afro-gaúcha, como sessões no Cine Vitória com filmes voltados para o nosso público, como Paí, Ó II e Bob Marley: One Love.

A diretoria social também oferece apoio a comunidades e projetos por meio de campanhas e doações, como a Campanha do Agasalho e a Campanha de Alimentos.


A gestão de Vanessa Mulet reafirma o poder da escuta, da articulação e da ação coletiva como motores de transformação social
. Com olhar estratégico, honra a ancestralidade e aposta no protagonismo de novas gerações. A FNG segue construindo futuros possíveis — e pretos — para o Rio Grande do Sul e para o Brasil.


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O Programa “Potências Negras”, iniciativa da Frente Negra Gaúcha (FNG) viabilizada por emenda parlamentar da deputada federal Daiana Santos, segue avançando em suas etapas de implementação. O projeto tem como objetivo formar e fortalecer lideranças negras em comunidades periféricas do Rio Grande do Sul, por meio de cursos que integram letramento racial, formação política e estratégias de mobilização social. Desde o lançamento do edital, a equipe responsável avançou por diferentes etapas preparatórias: análise de currículos, entrevistas com candidatas(os) e avaliação da comissão técnica, que resultaram na definição dos facilitadores selecionados. Com essa fase concluída, o projeto segue agora para a assinatura dos contratos e, em seguida, para o início da divulgação das inscrições junto às comunidades beneficiadas.  A proposta pedagógica parte da educação como prática emancipatória, inspirada em referências como Paulo Freire, Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Silvio Almeida e Frantz Fanon. Ao longo do curso, cerca de 50 participantes serão capacitados em conteúdos que abrangem justiça racial, participação política, comunicação e valorização das trajetórias da população negra.
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No último sábado, dia 2 de dezembro, tomou posse a nova diretoria da Frente Negra Gaúcha, durante jantar-baile realizado nas dependências da Associação dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado. A data também marcou as comemorações do Dia Nacional do Samba. A pedagoga e defensora dos direitos humanos, Vanessa da Silva Mulet, assume a presidência em substituição a João Carlos Almeida dos Santos, que presidiu a entidade por duas gestões consecutivas. Mulet tem como vice-presidente, a bióloga e ativista negra Maria Cristina Ferreira dos Santos. O encontro foi marcado pela presença de grandes personalidades políticas, como das deputadas federais Reginete Bispo e Daiana Santos, que também comemoravam a mais recente conquista do movimento negro e de toda a sociedade, a aprovação da data de 20 de novembro como feriado nacional pelo Dia da Consciência Negra, que passa a se chamar, agora, de Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, como forma de combate à luta antirracista, proposta do qual Reginete Bispo foi relatora, e que teve atuação marcante de Daiana Santos na composição da Bancada Preta da Câmara dos Deputados. A vereadora da Bancada Negra, Cuca Congo, também se fez presente.  A diretoria que irá comandar os destinos da entidade no biênio 2023-2025 está assim constituída: Presidente, Vanessa da Silva Mulet; Vice-Presidente, Maria Cristina Ferreira dos Santos; Secretária, Tânia Maira dos Santos; Substituta, Margarida Martimiano; Diretoria de Formação Política, Kleber da Silva Rocha; Substituto, Luís Carlos de Oliveira; Diretoria Social, Silvio Garcias; Substituto, Francisco Paiva Moreira; Diretoria Financeira, Eliane Carvalho Valcam; Substituto, Luís Carlos Souza dos Santos; Diretoria de Comunicação, Maria Helena dos Santos; Substituta, Aline Alves. No Conselho Fiscal, os Titulares são Euclides Martins Camargo, Édson Camargo da Cunha e Rogério Wanderley de Oliveira Ribeiro, tendo como Suplentes, Fábio Fonseca da Silva e José Guarassu Barbosa.
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No dia 16 de outubro, em Assembleia Geral foi eleita por aclamação a nova Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal da Frente Negra Gaúcha, que tomará posse no dia 16 de novembro deste ano. O grupo que irá conduzir os destinos da FNG no biênio 2023/2025 está assim constituído: Presidência - Vanessa da Silva Mulet; Vice - Maria Cristina Ferreira dos Santos; Secretária – Tânia Maira dos Santos; Substituta – Margarida Martimiano; Diretoria de Formação Política – Kleber da Silva Rocha; Substituto – Luís Carlos de Oliveira; Diretoria Social - Silvio Garcias; Substituto - Francisco Paiva Moreira; Diretoria Financeira – Eliane Carvalho Valcam; Substituto – Luís Carlos Souza dos Santos; Diretoria de Comunicação - Maria Helena dos Santos; Substituta - Aline Alves. No Conselho Fiscal, os Titulares são Euclides Martins Camargo, Édson Camargo da Cunha e Rogério Wanderley de Oliveira Ribeiro, tendo como Suplentes, Fábio Fonseca da Silva e José Guarassu Barbosa.
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