Hino: por que devo cantar?
Frente Negra • 19 de janeiro de 2021
Hino: por que devo cantar?
Margarida Ramos* 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acompanhando algumas discussões referentes à inspiração racista no Hino do estado do Rio Grande do Sul, contestada ultimamente pelo vereador Matheus Gomes, não pude deixar de relacionar minha conexão a Oliveira Silveira, às discussões no Grupo Palmares, e lembrar o quanto é grave o problema do racismo no Brasil; ainda, como é importante e necessária a 'consciência negra', aqui entendida como tomada de consciência dos afrodescendentes sobre nossas raízes, tradições históricas e toda a violência advinda do racismo e suas nefastas consequências nas vidas dos negros e negras neste País.
 
 Segundo Matheus Gomes, o hino inspirado na Guerra dos Farrapos teve três versões, sendo oficializado em 1968, modificada a versão final na estrofe que citava Atenas, gregos e romanos - que foi retirada, embora permaneça o trecho racista “povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”. Como se fosse verdade que os escravos negros fossem culpados pela escravidão a que foram submetidos pelo regime escravocrata vigente na época.
 
 A guerra farroupilha não foi do povo: foi dos estancieiros, que lutaram gananciosamente para preservar suas terras, para não pagar impostos ao império. Ao final, a negociação de paz, de maneira vergonhosa, implicou dizimar traiçoeiramente os lanceiros negros escravizados lançados à frente da batalha em Porongos, grande crueldade da história farroupilha.
 
 Nas discussões que venho acompanhando, as manifestações são variadas, inclusive sob o olhar de pessoas negras que declaram que protesto não pode ser confundido com desrespeito aos símbolos constituídos e que respeito é postar-se em pé durante a execução do hino. Como enaltecer ou respeitar uma “ímpia e injusta guerra”? Quem promoveu a guerra? Quem fez conchavos escusos em Porongos? O Império, os Farroupilhas, ou os negros escravizados?
 
 Chama a atenção estas posições vindas dos nossos que insistem em perpetuar símbolos relacionados à infâmia da escravidão, que ainda distorcem seu significado e os defendam em nome de uma ‘não censura’.  Que o hino tenha se originado na Grécia, não importa; que a revolta tenha sido dos gaúchos contra o Império, não importa: não vamos continuar cantando esse hino e fortalecendo simbolismos que ofendem nossos antepassados escravizados, seus descendentes, toda a população negra a quem o hino se refere, sim. Os esclarecimentos históricos nas diversas discussões ajudam a nos revermos numa sociedade que, até hoje, vê nos negros reflexos da escravização de um “povo sem virtudes”.
 
 O que se vê, pois, é um hino que enaltece a origem de um racismo estrutural, violento, que se materializa nas injúrias raciais e nos indicadores econômicos. Devemos, então, estarmos atentos sobre as engrenagens racistas que nos são postas e que muitas vezes ganham reforços de alguns negros que ignoram sua própria história, ou dos que preferem negá-la para não ter que abdicar de suas ‘zonas de conforto’ ou para deixar de se sentirem especiais por terem alcançado alguma condição social e/ou econômica melhorada.
 
 Por outro lado, sabemos que mesmo a história do Movimento Negro é de divisões, o que dificulta 'colocar o dedo na ferida' e desconstruir alguns paradigmas, tais como este de enaltecer situações, pessoas e/ou fatos históricos que serviram para o extermínio de negros. Sendo assim e apesar disto, continua na luta, a militância que entende que a escravização deixou injustiças que reverberam ainda hoje; militantes que ainda têm compromissos com nossos irmãos de humanidade e por uma sociedade mais fraterna que queremos construir.
 
 *Engenheira civil, militante do Movimento Negro e integrante da Frente Negra Gaúcha
 
 Legenda da foto: Matheus Gomes (Psol) durante a posse na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, ocasião em que se negou a  entoar o hino de conotação racista.
 

Porto Alegre, 17 de outubro de 2025                                                                                                 A Comissão Eleitoral da Frente Negra Gaúcha (FNG) informa a homologação da chapa única inscrita para concorrer às eleições da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da entidade, referente ao biênio 2025/2027.                                                                                                            Após análise documental, a chapa teve seu registro validado por atender integralmente às exigências previstas no Estatuto Social e no Regimento Interno da FNG. Com a homologação, inicia-se oficialmente o período de campanha eleitoral, que se estenderá até o dia 04 de novembro de 2025, antecedendo a Plenária de Eleição, marcada para o dia 06 de novembro de 2025.                                                                                                            O processo reafirma o compromisso da Frente Negra Gaúcha com uma gestão democrática, participativa e transparente, fortalecendo sua missão histórica de promover a igualdade racial, a justiça social e a representatividade negra no Rio Grande do Sul.                                                                                                            Confira abaixo a nominata completa da chapa única homologada pela Comissão Eleitoral:                                                                                                            Diretoria Executiva                                                                                                            Presidente: Vanessa da Silva Mulet                                                      Vice-Presidente: Maria Cristina Ferreira dos Santos                                                      Secretário(a): Tânia Maira dos Santos Vieira                                                      Secretário(a) Substituto(a): Margarida Maria Martimiano Ramos                                                      Diretor(a) Financeiro(a): Eliane Carvalho Valcam                                                      Diretor(a) Financeiro(a) Substituto(a): Luis Carlos Souza dos Santos                                                      Diretor(a) Social: Silvio Luiz Garcias                                                      Diretor(a) Social Substituto(a): Francisco Carlos Paiva Moreira                                                      Diretor(a) de Formação Política: Luciane Pereira da Silva                                                      Diretor(a) de Formação Política Substituto(a): Cassio Eduardo Santos de Abreu                                                      Diretor(a) de Comunicação: Kirion Lopes Martins                                                      Diretor(a) de Comunicação Substituto(a): Aline Niara Rodrigues Alves                                                                                                                                     Conselho Fiscal                                                                                      Conselheiro(a) Fiscal Efetivo(a) 1: José Guarassu Barbosa                                                      Conselheiro(a) Fiscal Efetivo(a) 2: Fábio Fonseca da Silva                                                      Conselheiro(a) Fiscal Efetivo(a) 3: Rogério Wanderley de Oliveira Ribeiro                                                      Conselheiro(a) Fiscal Suplente 1: Edson Camargo da Cunha                                                      Conselheiro(a) Fiscal Suplente 2: Euclides Martins Camargo                                                                                                            A Comissão Eleitoral, composta por Erico Oliveira Leotti, Rosane da Silva Pires, Airton Fernandes Araújo e Roberto Schultz, permanece à disposição para prestar informações e acompanhar o processo, conforme o Edital de Convocação.                                                                                                            Calendário Eleitoral                                                                                                            Publicação do Edital: 24/09/2025                                                      Inscrição de Chapas: até 15/10/2025                                                      Divulgação das Chapas Validadas: 17/10/2025                                                      Campanha: 17/10 a 04/11/2025                                                      Plenária de Eleição: 06/11/2025                                                                                                            Frente Negra Gaúcha – Construindo o presente, fortalecendo o futuro.
 

O Programa “Potências Negras”, iniciativa da Frente Negra Gaúcha (FNG) viabilizada por emenda parlamentar da deputada federal Daiana Santos, segue avançando em suas etapas de implementação. O projeto tem como objetivo formar e fortalecer lideranças negras em comunidades periféricas do Rio Grande do Sul, por meio de cursos que integram letramento racial, formação política e estratégias de mobilização social.                                                                                     Desde o lançamento do edital, a equipe responsável avançou por diferentes etapas preparatórias: análise de currículos, entrevistas com candidatas(os) e avaliação da comissão técnica, que resultaram na definição dos facilitadores selecionados. Com essa fase concluída, o projeto segue agora para a assinatura dos contratos e, em seguida, para o início da divulgação das inscrições junto às comunidades beneficiadas.                                                                                                                                     A proposta pedagógica parte da educação como prática emancipatória, inspirada em referências como Paulo Freire, Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Silvio Almeida e Frantz Fanon. Ao longo do curso, cerca de 50 participantes serão capacitados em conteúdos que abrangem justiça racial, participação política, comunicação e valorização das trajetórias da população negra.
 

No último sábado, dia 2 de dezembro, tomou posse a nova diretoria da Frente Negra Gaúcha, durante jantar-baile realizado nas dependências da Associação dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado. A data também marcou as comemorações do Dia Nacional do Samba. A pedagoga e defensora dos direitos humanos, Vanessa da Silva Mulet, assume a presidência em substituição a João Carlos Almeida dos Santos, que presidiu a entidade por duas gestões consecutivas. Mulet tem como vice-presidente, a bióloga e ativista negra Maria Cristina Ferreira dos Santos.                                                                                     O encontro foi marcado pela presença de grandes personalidades políticas, como das deputadas federais Reginete Bispo e Daiana Santos, que também comemoravam a mais recente conquista do movimento negro e de toda a sociedade, a aprovação da data de 20 de novembro como feriado nacional pelo Dia da Consciência Negra, que passa a se chamar, agora, de Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, como forma de combate à luta antirracista, proposta do qual Reginete Bispo foi relatora, e que teve atuação marcante de Daiana Santos na composição da Bancada Preta da Câmara dos Deputados. A vereadora da Bancada Negra, Cuca Congo, também se fez presente.                                                                                                                          A diretoria que irá comandar os destinos da entidade no biênio 2023-2025 está assim constituída: Presidente, Vanessa da Silva Mulet; Vice-Presidente, Maria Cristina Ferreira dos Santos; Secretária, Tânia Maira dos Santos; Substituta, Margarida Martimiano; Diretoria de Formação Política, Kleber da Silva Rocha; Substituto, Luís Carlos de Oliveira; Diretoria Social, Silvio Garcias; Substituto, Francisco Paiva Moreira; Diretoria Financeira, Eliane Carvalho Valcam; Substituto, Luís Carlos Souza dos Santos; Diretoria de Comunicação, Maria Helena dos Santos; Substituta, Aline Alves. No Conselho Fiscal, os Titulares são Euclides Martins Camargo, Édson Camargo da Cunha e Rogério Wanderley de Oliveira Ribeiro, tendo como Suplentes, Fábio Fonseca da Silva e José Guarassu Barbosa.
 

No dia 16 de outubro, em Assembleia Geral foi eleita por aclamação a nova Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal da Frente Negra Gaúcha, que tomará posse no dia 16 de novembro deste ano.                                                                                                            O grupo que irá conduzir os destinos da FNG no biênio 2023/2025 está assim constituído: Presidência - Vanessa da Silva Mulet; Vice - Maria Cristina Ferreira dos Santos; Secretária – Tânia Maira dos Santos; Substituta – Margarida Martimiano; Diretoria de Formação Política – Kleber da Silva Rocha; Substituto – Luís Carlos de Oliveira; Diretoria Social - Silvio Garcias; Substituto - Francisco Paiva Moreira; Diretoria Financeira – Eliane Carvalho Valcam; Substituto – Luís Carlos Souza dos Santos; Diretoria de Comunicação - Maria Helena dos Santos; Substituta - Aline Alves. No Conselho Fiscal, os Titulares são Euclides Martins Camargo, Édson Camargo da Cunha e Rogério Wanderley de Oliveira Ribeiro, tendo como Suplentes, Fábio Fonseca da Silva e José Guarassu Barbosa.
 





