Crônica do José Alberto

Frente Negra • 1 de março de 2021

Exemplo da China

José Alberto Silva*

Para que possamos entender as razões do Brazil alinhar-se cegamente ao reacionário “trumpismo” por questão ideológica, havemos de ver o que diferencia a postura norte-americana da atitude brasileira. Os States disputam com a China a primeira posição mundial em economia, ciência e bem estar social, ambos propugnando por oferecer a melhor forma de realização política. Se for verdade que existe um explorador Estados Unidos da Europa e um maior ainda, Estados Unidos da América, por outro lado a China crescendo a 10% ao ano, além de colocar seus produtos sem doutrinação politica, compra estatais a preço de ouro, compra vinhedos tradicionais da França e arredores sugerindo aos povos oprimidos e explorados do Ocidente que existe, vinda da China, alguma vida além da violência norte-americana que não lhes rende progresso nem bem estar social.

Os States tem o ideal de vida de todo intelectual graduado do Ocidente, atraindo para si seus melhores quadros. A China, em 1949, oferecia capim e insetos para seus cidadãos, até que Mao Tse Tung escreveu um livrinho vermelho para seus concidadãos dizendo: - basta! Foi facilmente combatido no Ocidente por não ter como lastro uma correspondência material, apesar de seu ideário haver circulado apenas no restrito círculo universitário, vanguardista e da intelectualidade da época.

A disputa política entre a China e os States é de natureza econômica, enquanto que a ojeriza grosseira à China comunista feita pelo Brazil, o que o torna o quadragésimo quinquagésimo milionésimo estado americano, apesar de ter não nos States, mas na China sua maior parceria comercial. Nosso alinhamento torna o País uma república bananeira, o que é assustadoramente ideológico. Cuba, criadora da medicina que atrai universidades do mundo científico para estagiar estudantes e pesquisadores e que criou a única vacina latino-americana contra a Covid 19, não assusta mais os militares guardiões da escravocracia das américas por não ter o poder econômico do gigante chinês. O capital só respeita quem o enfrente por igual.

É sabido que a riqueza da Europa tem base na espoliação da África e da Ásia, o que não só não foi corrigido como tem sido reafirmada por uma política de exploração daqueles e de outros povos. Silenciosamente, a China está montando uma infraestrutura de recuperação social e econômica na África a bem de libertar-se de produtos brasileiros com que a “zelite” brasileira pensa barganhar e humilhar a China de Mao. Logo esse Brazil com 80% de sua população sem saneamento básico, analfabeta funcional, com a fome e a dengue matando a rodo! Para afrontar a China de Mao temos, esse Brazil com seu tráfico de armas e drogas feito por bicheiros, milicianos e congressistas; com desembargadores de 50 mil de salários que vendem sentenças para reforçar o orçamento.

Portanto, se o populacho fizer as contas e avaliar as condições sociais, políticas e econômicas da China de Mao e em quantos anos conseguiu dar dignidade para a maioria de seu povo com bom crescimento anual, enquanto os States não crescem a metade, bem, algo vai mudar no sentimento popular. É a China da ciência da saúde e dos foguetes, do mercado interno, da produção sustentável e do compra tudo. A elite devia agradecer o quase inocente movimento da consciência negra que prefere mudanças estruturais pela via enganosa da lei e da ordem que nunca funcionará neste País. Enquanto o Brazil tem crescimento negativo queimando terras indígenas ou da União, mas preservando fazendas escravocratas de particulares, a China de Mao cresce 9,5% ao ano para vermos a imprensa ocidental se encher de pruridos para dizer que – a China está decadente. Se na China de hoje tivesse uma única favela, o Ocidente inteiro saberia de sua miséria nos seus mínimos detalhes.

O receio da feudal elite brasileira, ainda presa às formulações de Gobineau, que resiste até os dias atuais ao avanço da Revolução Francesa, que propõe igualdade, é que o povo faça contas e comece a se perguntar qual é e como funciona o regime político deles que promove o mais alto padrão científico ombro a ombro com os States, que supomos habitado por semideuses armados, representante ariano do pretenso darwinismo social; há o receio de que o povo se pergunte como funciona o regime saído dos pratos de insetos e formigas, cães e gatos para 50 anos depois tomar champanhe nos vinhedos franceses e comprar estatais brasileiras como quem compra quinquilharias. Salva o pescoço da elite um grande projeto de analfabetização e embrutecimento moreno/popular que, inocentemente, oferece a própria pele para sacrifício, apesar de sua condenação a ser bicho de consumo de pai pra filho. A cotação do ien não interessa; nos ensinaram a pensar que a espoliação norte-americana sobre os latinos é nosso ideal de vida. Nem que se tenha de afirmar sobre efeitos nocivos de uma vacina de aprovação mundial.

Deus! Que receio de pagar a conta por haver mantido a maior parte da população brasileira presa na condição de coisa! Permitimos covardemente o genocídio aos milhares por ano quando poderíamos tirar proveito de uma força altamente criativa. Tiraram-lhes braços e pernas, traumatizaram suas mentes para, agora, dizerem que cota racial é privilégio, vez que a glória divina está na igualdade. Que receio de ver confirmado o samba de Wilson das Neves, escrito em 1966, sobre “O DIA QUE O MORRO DESCER E NÃO FOR CARNAVAL”. Afinal, nunca se sabe da reação dos que não tenham nada a perder. Deixamos de aumentar o percentual de brasileiros com acesso à dignidade. Queremos a aparente paz do presente com tudo como está e que o passado fique por isto mesmo!

Enquanto podemos mentir aos inocentes sobre o perfeito funcionamento de nossas instituições democráticas, negando nossa guerra civil promovida por traficantes de almas, armas e drogas e congressistas milicianos, vez que morrem apenas pessoas de um lado - vamos adiante! Enquanto pudermos convencer pobres sequelados a votarem nas zelites – vamos adiante! Senão, chamamos o servilismo de capangas fardados para outra periódica revolução redentora contando com o silêncio covarde dos demais. Depois, os criminosos ganham o esquecimento de bondosa anistia. A esquerda permitiu, por cochilos, que falsos patriotas ostentassem os símbolos verde/amarelos como bandeira, amaldiçoando pra sempre uma ideia que deveria ser de todos. Sempre se conta que desta feita as facções do crime não desçam uma volta na espiral social e organizem o povo trabalhador como o fizeram os contra-revolucionários presos na Ilha Grande para inspirar o Comando Vermelho e outras forças de expressão nacional. A China ameaça romper nosso romântico círculo histórico.
Criou-se no macaco bananeira o receio de que o comunismo chinês lhe tire a liberdade de ir e vir nas favelas do esgoto a céu aberto, lhe tire o direito inconsequente ao abandono escolar e familiar, lhe tire a sagrada liberdade de submeter-se ao regime trabalhista de escravidão, lhes tire a graça de submeter-se a notórios criminosos dos bairros nobres. Criou-se no macaco bananeira o receio de que a China de Mao lhe tire o direito de apreciar passivamente nossa desigualdade em todos os setores do extrato social. Tudo isto se compensa se pudermos pensar ao estilo “salve-se quem puder”. Que importa se tivermos drogas, turismo sexual e carnaval?

* José Alberto Silva é integrante da Frente Negra Gaúcha e militante do movimento negro. Escreve com regularidade e publica suas cônicas nos grupos da entidade.

Fonte da foto: Free Pik
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